Em Março de 2024, representantes de sete países lusófonos - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe - reuniram-se num encontro liderado pela OMS em Brasília, Brasil. O objetivo era reforçar a colaboração com vista a eliminar o VIH, as hepatites virais, as infecções sexualmente transmissíveis (IST) e a tuberculose (TB) como ameaças à saúde pública até 2030.
Organizado pelos Programas Globais de HIV, Hepatite e ISTs da OMS (HHS/OMS), pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pelo Ministério da Saúde do Brasil, o evento teve como foco a identificação de desafios comuns, a definição de prioridades e a exploração de oportunidades para melhorar os sistemas de saúde por meio de respostas integradas.
Reconhecendo o impacto da língua, do conhecimento e das dificuldades partilhadas, o HHS/OMS tem promovido trocas entre países lusófonos desde 2014. Esta reunião baseou-se em encontros anteriores em Cabo Verde (2014) e Moçambique (2016), onde os países partilharam experiências e discutiram a implementação de novas políticas da OMS sobre o VIH. A reunião de 2024 alargou o âmbito para incluir a hepatite viral, as IST e a TB, reconhecendo a natureza interligada destas doenças e os benefícios de uma abordagem unificada.
Os países lusófonos estão empenhados em manter esta colaboração através de compromissos regulares e em estabelecer uma rede sólida para a partilha de recursos.
Vantagens da colaboração:
- Língua comum: facilita a comunicação sem descontinuidades e a partilha de recursos e melhores práticas.
- Experiência colectiva: aproveita os pontos fortes e as experiências de cada país para ultrapassar obstáculos comuns.
- Otimização de recursos: reúne recursos para lidar com limitações no acesso a materiais e informações essenciais.
- Advocacia unificada: reforça a voz dos países lusófonos nos fóruns globais de saúde.
Resultados principais:
- Reuniões regulares e seminários online: estabelecer encontros para discutir estratégias, divulgar as recomendações da OMS e partilhar experiências entre os profissionais de saúde e a sociedade civil.
- Intercâmbio de recursos: criação de um espaço dedicado à partilha de diretrizes nacionais, materiais de formação e outros documentos essenciais em português, melhorando o acesso à informação crítica.
- Reforço das redes: reforçar a cooperação entre as agências governamentais, a sociedade civil e as organizações internacionais para apoiar os esforços unificados no combate a estas doenças.
Vozes da Colaboração
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© Karina Zambrana/PAHO/WHO
Rosa Francisco Pedro, uma ativista de 54 anos que vive com o VIH e líder da Associação MWENHO em Angola, expressou a sua gratidão: "Estendo os meus mais profundos agradecimentos à Organização Mundial de Saúde (OMS) e a todos os parceiros que apoiaram estas reuniões internacionais vitais. A colaboração contínua e a capacitação são fundamentais para promover a saúde e os direitos das pessoas que vivem com o VIH em Angola e não só."
Rodrigo Pinheiro, em representação da sociedade civil, FOASP na rede Lusófona da Coalição Plus.© Karina Zambrana/PAHO/WHO
Rodrigo Pinheiro, em representação da sociedade civil, partilhou o seu entusiasmo: “Participar na reunião com os países de língua portuguesa foi imensamente gratificante, com uma grande troca de experiências. A apresentação da rede de saúde comunitária lusófona nos permitiu discutir propostas e metas comuns para avançarmos no combate às IST/HIV/AIDS, hepatites virais e tuberculose, visando a eliminação até 2030. Esperamos que haja mais encontros da rede lusófona, possivelmente todos os anos, para podermos monitorizar os nossos progressos. O Congresso da CPLP sobre VIH/SIDA em 2025 será também de fundamental importância para a nossa luta.”
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© Karina Zambrana/PAHO/WHO
O Dr. Draurio Barreira, da Diretoria de HIV/AIDS, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde do Brasil, enfatizou a união: “É com grande satisfação e entusiasmo que expresso nossa alegria em retomar o diálogo construtivo e colaborativo com os países de língua portuguesa, especialmente na promoção de respostas integradas ao HIV, hepatites, ISTs e TB. Este facto simboliza não só um passo em frente nos nossos esforços conjuntos para eliminar estas doenças como problemas de saúde pública até 2030, mas também reafirma o valor inestimável da nossa unidade e colaboração. Juntos, somos mais fortes e capazes de superar os desafios, avançando em direção a um futuro mais saudável para as nossas populações.”
![]() @ WHO | A Dra. Meg Doherty, Diretora do Departamento de Programas Globais de VIH, Hepatite e IST da OMS, salientou o significado global: “Durante décadas, o VIH, as hepatites virais, as infecções sexualmente transmissíveis e a tuberculose lançaram longas sombras sobre a saúde mundial. A nossa missão está em sintonia com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 das Nações Unidas, que sublinha a necessidade de vidas saudáveis e de promover o bem-estar para todos. Ao melhorar a nossa resposta em matéria de saúde pública através de uma abordagem integrada, da partilha de experiências, da promoção da cooperação e da definição de prioridades específicas para cada país, preparamos o caminho para uma implementação eficaz e adaptada ao contexto das recomendações da OMS através de fortes esforços de colaboração. Juntos, avançamos firmemente em direção ao nosso objetivo de eliminar o VIH, a hepatite, as IST e a tuberculose como problemas de saúde pública até 2030.” |
![]() © Armando Sifna | O Dr. Armando Sifna, Coordenador do Programa Nacional de Luta contra a Tuberculose do Ministério da Saúde da Guiné-Bissau na altura, disse: "Participei na reunião realizada em Brasília. Uma reunião onde se juntaram diferentes profissionais de saúde e da sociedade civil dos países lusófonos, permitindo-nos discutir aspectos importantes relacionados com a prevenção e controlo das doenças transmissíveis. O encontro foi frutífero e permitiu o estabelecimento de diferentes mecanismos de colaboração, fortalecimento das relações e troca de experiências entre os países. Além disso, serviu para chamar a atenção dos profissionais de saúde e dos membros da sociedade civil para a necessidade de reforçar a nossa cooperação e trabalhar em sinergia para reduzir a morbilidade e a mortalidade por doenças transmissíveis." |
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© Karina Zambrana/PAHO/WHO
Ricardo Fuertes, em representação do Secretário de Estado da Promoção da Saúde, Ministério da Saúde de Portugal, destacou a importância da colaboração entre os governos e a sociedade civil dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na área das políticas de drogas. "Esta é uma oportunidade para implementar políticas de drogas eficazes e adaptadas às necessidades locais, com serviços integrados na restante rede de cuidados de saúde e de apoio social. Estas políticas, baseadas no conhecimento e nos direitos humanos, têm já demonstrado excelentes resultados. Para reforçar este intercâmbio de experiências, é essencial incorporar práticas desenvolvidas nos países parceiros, como as intervenções comunitárias, o trabalho de pares e a transferência de tarefas, que são frequentemente negligenciadas em contextos estritamente medicalizados."
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© Karina Zambrana/PAHO/WHO
Dr Miguel Aragon – coordenador de CDE/OPAS/Brasil ressaltou a importância da partilha de informações e boas práticas entre os países participantes. “A troca de dados sobre incidência e controle dessas doenças pode levar ao desenvolvimento de políticas mais informadas e adaptadas às realidades locais. O fortalecimento das redes de apoio e colaboração entre os países lusófonos não apenas enriquecerá as estratégias de combate às doenças, mas também fomentará um senso de solidariedade e compromisso coletivo em prol da saúde global. Com a implementação das iniciativas discutidas, há a esperança de que as nações consigam avançar significativamente na luta contra essas ameaças à saúde pública até 2030.”
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