© Karina Zambrana/PAHO/WHO
Reunião de colaboração dos países lusófonos para eliminar o VIH, hepatites virais, ITS e tuberculose como ameaças à saúde pública até 2030, sessão plenária, Brasília, Brasil, Março 2024.
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Países lusófonos unidos para eliminar o VIH, a hepatite, as IST e a tuberculose até 2030

20 December 2024

Em Março de 2024, representantes de sete países lusófonos - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe - reuniram-se num encontro liderado pela OMS em Brasília, Brasil. O objetivo era reforçar a colaboração com vista a eliminar o VIH, as hepatites virais, as infecções sexualmente transmissíveis (IST) e a tuberculose (TB) como ameaças à saúde pública até 2030.

Organizado pelos Programas Globais de HIV, Hepatite e ISTs da OMS (HHS/OMS), pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pelo Ministério da Saúde do Brasil, o evento teve como foco a identificação de desafios comuns, a definição de prioridades e a exploração de oportunidades para melhorar os sistemas de saúde por meio de respostas integradas.

Reconhecendo o impacto da língua, do conhecimento e das dificuldades partilhadas, o HHS/OMS tem promovido trocas entre países lusófonos desde 2014. Esta reunião baseou-se em encontros anteriores em Cabo Verde (2014) e Moçambique (2016), onde os países partilharam experiências e discutiram a implementação de novas políticas da OMS sobre o VIH. A reunião de 2024 alargou o âmbito para incluir a hepatite viral, as IST e a TB, reconhecendo a natureza interligada destas doenças e os benefícios de uma abordagem unificada. 

Os países lusófonos estão empenhados em manter esta colaboração através de compromissos regulares e em estabelecer uma rede sólida para a partilha de recursos.

Vantagens da colaboração:

  • Língua comum: facilita a comunicação sem descontinuidades e a partilha de recursos e melhores práticas.
  • Experiência colectiva: aproveita os pontos fortes e as experiências de cada país para ultrapassar obstáculos comuns.
  • Otimização de recursos: reúne recursos para lidar com limitações no acesso a materiais e informações essenciais.
  • Advocacia unificada: reforça a voz dos países lusófonos nos fóruns globais de saúde.

Resultados principais:

  • Reuniões regulares e seminários online: estabelecer encontros para discutir estratégias, divulgar as recomendações da OMS e partilhar experiências entre os profissionais de saúde e a sociedade civil.
  • Intercâmbio de recursos: criação de um espaço dedicado à partilha de diretrizes nacionais, materiais de formação e outros documentos essenciais em português, melhorando o acesso à informação crítica.
  • Reforço das redes: reforçar a cooperação entre as agências governamentais, a sociedade civil e as organizações internacionais para apoiar os esforços unificados no combate a estas doenças.

Vozes da Colaboração

A woman wearing glasses and a yellow shirt is addressing attendees during a meeting.
Rosa Pedro, em representação da sociedade civil, presidente da associação MWENHO, Angola.
© Karina Zambrana/PAHO/WHO

Rosa Francisco Pedro, uma ativista de 54 anos que vive com o VIH e líder da Associação MWENHO em Angola, expressou a sua gratidão: "Estendo os meus mais profundos agradecimentos à Organização Mundial de Saúde (OMS) e a todos os parceiros que apoiaram estas reuniões internacionais vitais. A colaboração contínua e a capacitação são fundamentais para promover a saúde e os direitos das pessoas que vivem com o VIH em Angola e não só." 

Man in suit addressing an audienceRodrigo Pinheiro, em representação da sociedade civil, FOASP na rede Lusófona da Coalição Plus.
© Karina Zambrana/PAHO/WHO

Rodrigo Pinheiro, em representação da sociedade civil, partilhou o seu entusiasmo: “Participar na reunião com os países de língua portuguesa foi imensamente gratificante, com uma grande troca de experiências. A apresentação da rede de saúde comunitária lusófona nos permitiu discutir propostas e metas comuns para avançarmos no combate às IST/HIV/AIDS, hepatites virais e tuberculose, visando a eliminação até 2030. Esperamos que haja mais encontros da rede lusófona, possivelmente todos os anos, para podermos monitorizar os nossos progressos. O Congresso da CPLP sobre VIH/SIDA em 2025 será também de fundamental importância para a nossa luta.” 

Man in suit addressing an audience
Dr. Draurio Barreira, Diretor de VIH/SIDA, Tuberculose, Hepatites Virais e Infeções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde do Brasil.
© Karina Zambrana/PAHO/WHO

O Dr. Draurio Barreira, da Diretoria de HIV/AIDS, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde do Brasil, enfatizou a união: “É com grande satisfação e entusiasmo que expresso nossa alegria em retomar o diálogo construtivo e colaborativo com os países de língua portuguesa, especialmente na promoção de respostas integradas ao HIV, hepatites, ISTs e TB. Este facto simboliza não só um passo em frente nos nossos esforços conjuntos para eliminar estas doenças como problemas de saúde pública até 2030, mas também reafirma o valor inestimável da nossa unidade e colaboração. Juntos, somos mais fortes e capazes de superar os desafios, avançando em direção a um futuro mais saudável para as nossas populações.”

Dr Meg Doherty, Director of WHO’s Department of Global HIV, Hepatitis and STIs Programmes
Dra. Meg Doherty, Diretora do Departamento de Programas Globais de VIH, Hepatite e IST da OMS.
@ WHO

A Dra. Meg Doherty, Diretora do Departamento de Programas Globais de VIH, Hepatite e IST da OMS, salientou o significado global: “Durante décadas, o VIH, as hepatites virais, as infecções sexualmente transmissíveis e a tuberculose lançaram longas sombras sobre a saúde mundial. A nossa missão está em sintonia com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 das Nações Unidas, que sublinha a necessidade de vidas saudáveis e de promover o bem-estar para todos. Ao melhorar a nossa resposta em matéria de saúde pública através de uma abordagem integrada, da partilha de experiências, da promoção da cooperação e da definição de prioridades específicas para cada país, preparamos o caminho para uma implementação eficaz e adaptada ao contexto das recomendações da OMS através de fortes esforços de colaboração. Juntos, avançamos firmemente em direção ao nosso objetivo de eliminar o VIH, a hepatite, as IST e a tuberculose como problemas de saúde pública até 2030.”

Man with grey suit and red tie looking into the camera
Dr. Armando Sifna, Ministério da Saúde da Guiné Bissau.
© Armando Sifna

O Dr. Armando Sifna, Coordenador do Programa Nacional de Luta contra a Tuberculose do Ministério da Saúde da Guiné-Bissau na altura, disse: "Participei na reunião realizada em Brasília. Uma reunião onde se juntaram diferentes profissionais de saúde e da sociedade civil dos países lusófonos, permitindo-nos discutir aspectos importantes relacionados com a prevenção e controlo das doenças transmissíveis. O encontro foi frutífero e permitiu o estabelecimento de diferentes mecanismos de colaboração, fortalecimento das relações e troca de experiências entre os países. Além disso, serviu para chamar a atenção dos profissionais de saúde e dos membros da sociedade civil para a necessidade de reforçar a nossa cooperação e trabalhar em sinergia para reduzir a morbilidade e a mortalidade por doenças transmissíveis." 

Man in suit addressing an audience
Ricardo Fuertes, Ministério da Saúde de Portugal.
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Ricardo Fuertes, em representação do Secretário de Estado da Promoção da Saúde, Ministério da Saúde de Portugal, destacou a importância da colaboração entre os governos e a sociedade civil dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na área das políticas de drogas. "Esta é uma oportunidade para implementar políticas de drogas eficazes e adaptadas às necessidades locais, com serviços integrados na restante rede de cuidados de saúde e de apoio social. Estas políticas, baseadas no conhecimento e nos direitos humanos, têm já demonstrado excelentes resultados. Para reforçar este intercâmbio de experiências, é essencial incorporar práticas desenvolvidas nos países parceiros, como as intervenções comunitárias, o trabalho de pares e a transferência de tarefas, que são frequentemente negligenciadas em contextos estritamente medicalizados." 

Man in suit addressing an audience
Dr. Miguel Aragão, Brasil OPAS.
© Karina Zambrana/PAHO/WHO

Dr Miguel Aragon – coordenador de CDE/OPAS/Brasil ressaltou a importância da partilha de informações e boas práticas entre os países participantes. “A troca de dados sobre incidência e controle dessas doenças pode levar ao desenvolvimento de políticas mais informadas e adaptadas às realidades locais. O fortalecimento das redes de apoio e colaboração entre os países lusófonos não apenas enriquecerá as estratégias de combate às doenças, mas também fomentará um senso de solidariedade e compromisso coletivo em prol da saúde global. Com a implementação das iniciativas discutidas, há a esperança de que as nações consigam avançar significativamente na luta contra essas ameaças à saúde pública até 2030.”