Lepra/Hanseníase: Gestão das reacções e prevenção das incapacidades. Orientações técnicas

Visão geral

A hanseníase é uma doença incomum, mas generalizada, com mais de 200.000 novos casos por ano em todo o mundo. A hanseníase é incomum, pois muitas das complicações mais problemáticas ocorrem como resultado da resposta imune do hospedeiro ao organismo infectante, Mycobacterium leprae. Esses episódios inflamatórios intermitentes e recorrentes são conhecidos como reações hansênicas. Eles aparecem em duas formas distintas, com imunopatologia subjacente, características clínicas e requisitos de tratamento diferentes. O envolvimento de certos nervos periféricos (neurite) geralmente leva à incapacidade e consequências psicossociais devastadoras.

As reações ocorrem com frequência e gravidade variadas. Em alguns ambientes, até 50% dos pacientes podem ser afetados. Como a hanseníase é uma doença da pobreza, o acesso a cuidados especializados em centros de referência muitas vezes não é possível.

Várias tarefas importantes permanecem, entretanto, na luta para prevenir a incapacidade decorrente da hanseníase. A primeira prioridade continua sendo a detecção precoce de casos, para que o tratamento possa começar o mais cedo possível após o aparecimento dos sintomas. Em segundo lugar, é importante reconhecer e controlar as reações hansênicas e a neurite de maneira eficaz, para que a função nervosa seja preservada. Uma terceira tarefa é a prevenção primária da hanseníase, que está gradualmente sendo desenvolvida como uma possibilidade de trabalho. Todas essas tarefas devem ser realizadas no nível periférico se quiserem ter um benefício valioso para a população em risco.

O objetivo deste documento de Orientação Técnica é revisar as práticas de manejo atuais para reações hansênicas e neurite e descrever as formas de que podem ser melhorados, para que os programas nacionais possam alcançar seus objetivos de prevenção e minimização da incapacidade devido à hanseníase.

As reações são exacerbações agudas dos sinais e sintomas da hanseníase que ocorrem durante o curso natural da doença, bem como durante ou após o tratamento. Eles resultam da resposta imunológica do corpo ao M. leprae. Eles podem afetar a pele, os nervos, os olhos ou os membros. Se não forem tratadas ou tratadas de maneira inadequada, as reações podem levar ao comprometimento grave da função nervosa e, subsequentemente, a deficiências. As reações constituem a principal via pela qual a hanseníase causa danos nos nervos e incapacidade. O gerenciamento eficaz das reações é, portanto, a chave para a prevenção da deficiência. O diagnóstico de reações requer certas habilidades clínicas; o tratamento eficaz requer um julgamento cuidadoso, pois o curso clínico raramente é direto.

O tratamento das reações geralmente envolve as quatro etapas a seguir:

  • (1) Reconhecer que uma pessoa com hanseníase sabe que uma reação está ocorrendo, lembrando que uma reação pode já estar presente momento do diagnóstico.
  • (2) Avaliar a situação com precisão, em particular testar a função nervosa.
  • (3) Prescrever e iniciar o tratamento correto.
  • (4) Acompanhar, monitorar e ajustar o tratamento, de acordo com a resposta.

Este documento apresenta orientações atualizadas sobre o diagnóstico e gerenciamento de reações em diferentes ambientes. O foco deve estar nos nervos periféricos e em seu funcionamento. O objetivo dos programas nacionais deve ser melhorar o nível de avaliação da função nervosa em todas as unidades onde a hanseníase é tratada, inclusive em áreas remotas, onde os padrões provavelmente serão mais baixos.

Editors
Dr E. A. Cooreman/Lepra
Number of pages
72
Reference numbers
ISBN: 978 92 9 022762 5
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